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Roteiro pelas melhores e mais afamadas vinícolas de Bordéus

É uma das mais conhecidas regiões vinícolas do mundo e ninguém se atreverá a colocar em causa que é a partir das vinhas de Bordéus, em França, que continuam a ser produzidos alguns dos melhores néctares. Já assim é há séculos – na verdade, tudo terá começado há dois mil anos, pelas mãos de soldados romanos – e assim deverá continuar a ser, a avaliar pela pujança que os produtores da região continuam a demonstrar.

Partir à descoberta das vinícolas de Bordéus pode revelar-se um roteiro imperdível, proporcionando experiências que apelam aos cinco sentidos. Mais do que ver vinhedos e castelos, irá inebriar-se com o aroma que exala das adegas, provar o que de melhor se produz em cada uma delas, tocar em uvas e videiras e, sem sombra de dúvida, escutar histórias encantadoras.

E se a tudo isto acrescentar uma boa dose de exclusividade e requinte, garantidamente, viverá uma experiência ímpar, uma dessas viagens que fica para a vida. É essa a ideia base dos programas que são apresentados pela empresa VSX Club – Very Special Experience Members Club e que tivemos a oportunidade de experimentar no território de Bordéus. As suas viagens enoturísticas apostam na exclusividade, levando os participantes a locais “onde, provavelmente, eles não iriam sem a VSX”, destaca Otavio Moraes, um dos responsáveis pela empresa – Maurício Dias e Luli Dias são os outros dois mentores do projecto direccionado para o mercado de luxo.

Aceitam a boleia de partir à descoberta do “crème de la crème” dos vinhos de Bordéus? Preparem-se para uma viagem que direito a degustar, também, o melhor da gastronomia francesa, a repousar em hotéis de categoria superior (5 estrelas) e com o brinde final: subir até à região de Champanhe para visitar uma das produtoras mais conhecidas em todo o mundo. A VSX Club tem também propostas de roteiros para outras regiões vinícolas, nomeadamente em Portugal e Itália, mas essa informação vai ter de ficar para um próximo texto. Para já, fica essa viagem altamente recomendada a quem ama vinhos, história, arte e gastronomia. No fundo, para quem ama o lado bom da vida.

 

 

Em cada châteaux, uma bela surpresa

O nosso roteiro incluiu a visita (com direito a degustação) a um total de onze châteaux de Bordéus, localizados em várias subregiões, e todos eles de referência a nível mundial. Mais ainda. Deste leque fizeram parte três dos cinco produtores com vinho Premier Cru Classé 

(classificação feita em 1855, a pedido de Napoleão III): Château Haut-Brion, Château Margaux e Château Mouton Rothschild. Este último, refira-se, foi o único vinho que conseguiu subir de categoria na escala criada em 1855 – passou de deuxième para premier-, por decreto presidencial de Charles de Gaulle, em 1973.

À excelência do vinho que produz, o Château Mouton Rothschild junta um ingrediente extraordinário: a sua ligação à arte. Além de a propriedade contar com um museu riquíssimo – peças de colecção que os proprietários foram juntando -, a marca escolhe, todos os anos, um artista para criar a imagem do rótulo do seu vinho (já se associaram a ele nomes como os de Salvador Dalí, Joan Miró e Pablo Picasso, entre outros).

Em Haut Brion, temos a oportunidade de entrar num dos castelos mais antigos (e talvez também dos mais bonitos) de Bordéus. Tem já cinco séculos de história, protagonizada por várias famílias, com especial destaque para a dos fundadores, de Pontac, e dos americanos Dillon, proprietários desde 1935. Um pouco mais recente é a história do Château Margaux. As origens da propriedade remontam ao século XVII, mas o seu castelo só foi construído por volta de 1800. Actualmente, é liderada por uma mulher, Corinne Mentzelopoulos, que herdou a vinícola do pai e faz questão de por ali ir permanecendo durante parte do seu tempo – divide-se entre a propriedade e a capital francesa.

 

Château Margaux (Saison-d-Or-Mathieu-Anglada)

 

Os barões, as condessas e a cosmética

Feminino é também o nome, e grande parte da história, de outro dos castelos mais distintos de Bordéus: o Château Pichon Longueville Comtesse de Lalande. Fez parte, até 1850, daquela que era a grande propriedade Pichon, abrangendo a área do Château Pichon Longueville Baron – que está ali mesmo do outro lado da estrada. Foi dividida entre os filhos homens (Pichon Baron) e as filhas (Pichon Comtess) da família proprietária. A propriedade que esteve reservada às mulheres ainda se manteve nas mãos da família original até 1925, mas, actualmente, pertence ao produtor de champanhe Louis Roederer.

Vale a pena atravessar a estrada e ficar a conhecer, também, o Château Pichon Longueville Baron. Mais um palacete de uma beleza extraordinário, com o espelho de água plantado na sua frente e que “esconde” uma adega subterrânea. Esta propriedade de 73 hectares está, desde 1987, nas mãos de uma companhia de seguros francesa (a Axa, que é também detentora da portuguesa Quinta do Noval.

Um roteiro pelas melhores vinícolas de Bordéus tem de passar, forçosamente, pela propriedade Smith Haut Lafitte, conhecida internacionalmente não só pela qualidade do seu vinho, mas também por ser o berço da conhecida marca de cosmética Caudalie. Além de explorar as suas adegas e tanoaria, tivemos ainda a oportunidade de conhecer o interior do seu palacete, onde foi servido um almoço, e de passear no seu exterior, que é uma espécie de galeria de arte a céu aberto – são várias esculturas, em ferro, madeira ou pedra, algumas delas assinadas por artistas bem conhecidos, como é o caso de Mimmo Paladino ou Jim Dine.

 

Château Pichon Baron (Serge Chapuis)

 

Château Pichon Longueville Comtesse de Lalande

 

A inspiração indiana e outras coisas mais

O programa enoturístico da VSX Club dedicado às vinícolas de Bordéus compreendeu, ainda, a descoberta – mais uma vez, com direito a provas de vinho e, nalguns casos, à degustação de refeições – dos châteaux Cos d’Estournel, Beau-Séjour Becot, La Conseillante e Gruaud Larose. Cada um deles com a sua boa dose de história, luxo e charme. E identidade própria.

Na Cos d’Estournel, por exemplo, salta à vista a arquitectura exterior do seu castelo, marcada por vários motivos e traços indianos – tudo porque a Índia foi um dos grandes mercados da propriedade fundada em 1791, por Louis Gaspard d’Estournel. No Château Beau-Séjour Becot, fomos surpreendidos, além do vinho, pela sua cave subterrânea, que está integrada numa rede de túneis de cerca de 200 quilómetros de extensão.

Por mais que sejamos tentados a admitir que já vimos tudo, a verdade é essa: em cada castelo há algo inédito para descobrir. Ou para provar. Com o devido (e merecido) brinde: Santé!

 

Château Cos d’Estournel

 

Cave do Cos d’Estournel

 

 

Onde domir

InterContinental Bordeaux – Le Grand Hotel
Place de la Comédie,
33000 Bordeaux
info.bordeaux@ihg.com

Outras visitas

Saint-Émilion:vila histórica medieval que merece visitada. Dizem que foi ali que nasceram os macarons (a receita remonta ao ano de 1620).

La Cité Du Vin: equipamento cultural dedicado ao vinho, situado no centro da cidade de Bordéus.

 

Contactos VSX Club

Website: https://www.vsxclub.com.br

Mail: atendimento@vsxclub.com.br

 

2 opiniões sobre “Roteiro pelas melhores e mais afamadas vinícolas de Bordéus

  1. Artigo tão bem escrito que faz cumprir o principal papel dos bons textos: nos leva a uma viagem encantada pelo veículo da nossa imaginação, além da boa informação. A julgar pelo que se le aqui, a jornalista se bem que poderia, no futuro, ser roteirista de filmes fantásticos. Parabéns!

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