Não sei dizer, com precisão, qual a razão que nos levou a conversar pela primeira vez. Talvez porque alguém (ou algo) nos alertou para o facto de sermos conterrâneas. Ou por mera empatia, à primeira vista. Mas a verdade é que começámos. Começámos e não parámos.
Falamos de tudo um pouco. Das filhas dela, do trabalho que teve de deixar temporariamente, da terra dela – que, afinal de contas, é também a minha. Também falamos de banalidades, de acontecimentos do dia-a-dia, de coisas que nem nos interessam tanto assim.
Por vezes, quase que a medo, também falamos da dita cuja. Da doença que a leva a estar ali – e a mim também, ainda que apenas como acompanhante – a lutar com unhas e dentes, com toda a determinação do mundo. “É para vencer”, diz-me com toda a garra.
Volta e meia, surpreende-me com uma graçola sobre aquele seu novo penteado, que vai mudando de dia para dia, de forma involuntária. Rio-me com ela e faço questão de entrar na brincadeira, notando que é a oportunidade de ela fazer aquele corte radical ou de apostar num “look” com lenço na cabeça a condizer.
Soltamos umas gargalhadas. Débeis. Dissimuladas, talvez. Porque não há como fugir à realidade. E ela sabe disso. “Ao que uma pessoa chega”, desabafa, quando já falta inspiração para prosseguir com a brincadeira.
Lembro-me muito dela. Em especial nos dias em que não vou ao hospital e, como tal, não a vejo. Lembro-me tanto dela que até já a menciono nas minhas conversas com amigas chegadas.
Foi o que aconteceu hoje. Falei dela, mas percebi que nunca soube o seu nome. Curioso, não? Tantas conversas, tantos desabafos partilhados naquela sala de espera, e desconheço-lhe o nome.
Pormenor de pouca importância, constato agora. O verdadeiro companheirismo, a amizade mais sentida e pura não carece de cartões de visita, de apresentações mais ou menos pomposas. A minha nova amiga cujo nome ainda desconheço, tenho a certeza, é tão ou mais companheira ou dedicada do que umas quantas pessoas que me invadem a vida com o seu nome completo.
Para ela, o desejo de que tudo corra bem. E a promessa de que irei perguntar-lhe qual o seu nome na próxima vez que a encontrar.
Adorei… mas…? Beijinho, tudo de bom. O nosso café está a tardar muito….
Vamos marcar, final de Agosto, início de Setembro. Por ora, o nosso refúgio anda lotado. Mas fique tranquila. Os ventos estão a soprar de feição 🙂