Ninguém ousará contrariar a tese: é também pela gastronomia que ficamos a conhecer uma cidade ou uma região. E quando essa “viagem” é feita num restaurante que faz questão de transpor a identidade local para a sua decoração, apresentação dos pratos e menu, tanto melhor.
No fundo, é o que acaba por acontecer a quem visita o Restaurante Salpoente, em Aveiro. Entra por dois antigos armazéns de sal adentro – a história da cidade foi marcada pela produção de sal -, senta-se de frente para um dos canais urbanos da ria e parte à descoberta dos sabores do “fiel amigo”, que durante séculos deu emprego às gentes da região.
O bacalhau assume lugar de destaque neste restaurante, que reclama os créditos de, sob o comando do chef Duarte Eira, ter “revolucionado” a forma de confeccionar e servir o “fiel amigo”. Mas, em breve, a esta aposta forte no bacalhau irá juntar-se uma outra, igualmente digna de registo: os sabores da ria de Aveiro, e da região em geral, irão passar a estar, também, presentes na carta. E nalguns casos até surgem de mãos dadas com o “fiel amigo”.
A carta Primavera/Verão do Salpoente será dada a conhecer aos clientes a partir do dia 16 de Março e aposta em matérias-primas como as algas, os bivalves, a salicórnia ou as enguias – tudo produtos da ria. Tudo isto acompanhado com uma aposta forte nos vinhos da região (Bairrada) ou da vizinha região do Dão.
Prepare-se para ser surpreendido. O(s) sabor(es) da laguna aveirense estão presentes na maioria dos novos pratos, num menu que reserva ainda lugar de destaque a outros produtos fortes da região, como o leitão e a carne Marinhoa. E sim. Os ovos moles também lá estão e de uma forma muito especial, tal como tivemos a oportunidade de testemunhar no almoço de apresentação da nova carta aos jornalistas.
A proposta passou por ficar a conhecer um dos menus de degustação do novo menu do Salpoente. Primeiro, com um tártaro de novilho com alma de caviar (boas vindas do chefe), seguido de um carpaccio de bacalhau – uma das apostas fortes da nova carta -, com algas, amêijoas à bulhão pato e uma espuma do mesmo sabor.
Prosseguimos com a caldeirada de enguias – esqueçam todas as imagens e memórias que têm deste prato típico da região -, que nas mãos do chef Duarte Eira surge com a enguia a tomar a forma de filetes, acompanhados por espumas de caldeirada e esferas de gel de coentros.
Como prato de carne, a aposta passa por um leitão, acompanhado de micro salada, puré de cenoura e laranja. Por fim, uma pré-sobremesa de maçã verde em crumble gelado e desidratada e com espuma de requeijão; e, para sobremesa, um tubo de nata, com gel de framboesa, ovos moles e sorvete de ovos moles.
Ainda lhe restam dúvidas quanto ao sabor da ria de Aveiro? Fique com as coordenadas.
Uma opinião sobre “A que sabe a ria de Aveiro? O chef Duarte Eira irá revelar-lhe”