A ordem foi lançada e não a queríamos contrariar: 2017 é o ano oficial para visitar Viseu. O “decreto” – melhor dizendo, a campanha promocional – foi lançado pela câmara municipal local, com vista a atrair mais turistas neste ano em que Viseu se torna a primeira Cidade Nacional Convidada da BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa. E como uma das particularidades desta campanha passa por fazer de cada viseense “um anfitrião, um embaixador na arte de cativar turistas”, decidimos cumprir esse preceito à risca, desafiando uma filha da terra a guiar a nossa visita pela “cidade de Viriato”. Nascida e criada em Viseu, Fátima Pinto, jornalista da RTP, não esconde o carinho e o orgulho que sente por ser viseense. “É a minha terra. É a Viseu que volto sempre”, evidencia, com entusiasmo, depois de nos contar que já viveu noutras cidades – nomeadamente em Coimbra e Aveiro.
E como o sol e as temperaturas amenas já começaram a dar o ar da sua graça – anunciando a chegada da Primavera – a nossa visita guiada por Viseu começa pelos “muitos espaços verdes” da cidade. “Nesta altura do ano, é obrigatório passear pelos jardins de Viseu e aproveitar as suas paisagens”, aponta Fátima Pinto, guiando-nos até ao Parque Aquilino Ribeiro, Parque do Fontelo e Parque de Santiago, mas poupando algumas energias para uma das principais pérolas deste território: a Ecopista do Dão. “São 50 quilómetros de via para descobrir e usufruir, a pé ou de bicicleta”, alerta a nossa guia. E fica essa garantia: a aventura vale bem a pena. Mesmo que não percorra totalidade do percurso, não deixe de dedicar algum tempo para passear ao longo da ecopista criada na antiga linha ferroviária que ligava Santa Comba Dão e Viseu (desactivada em 1988). A partir deste percurso – sem subidas significativas –, irá ser confrontado com vistas privilegiadas para a paisagem do rio Dão e do seu afluente (Rio Paiva), o verde da floresta, algumas vinhas, campos cultivados e aldeias, e mais longe, para a Serra do Caramulo (a Norte) e a Serra da Estrela (a Sul).
Viseu é também um território rico em património cultural e edificado. “É uma cidade com 2.500 anos de história e há vários locais que são de visita obrigatória”, sublinha a nossa guia, antes de nos conduzir ao Museu Grão Vasco, Sé Catedral de Viseu e Museu de Arte Sacra, Museu Almeida Moreira, para terminar com uma verdadeira “cereja no topo do bolo”: a Cava do Viriato. Situada junto ao Largo da Feira de São Mateus, é ainda hoje “um mistério para a arqueologia portuguesa”, nota Fátima Pinto. Tudo porque há uma pergunta para a qual ainda não se conseguiu encontrar resposta: quando e como terá sido construída a gigantesca fortaleza? nada tem a ver com Viriato, o guerreiro lusitano cuja estátua adorna este lugar. Alguns autores atribuem-na aos romanos (século I a.C.), outros afirmam que foram os muçulmanos quem ergueu esta cidade-acampamento, mas, por ora, ainda sem certezas absolutas.
A nossa visita a Viseu já leva umas boas horas de caminhada – além de todos os locais já referidos, Fátima Pinto levou-nos, também, a passear pelas ruas do centro histórico e a conhecer algumas pequenas lojas que vão marcando a diferença – e importa repor energias. “Gastronomia? Viseu é rica também a esse nível”, garante a jornalista. Desde cabrito, vitela, queijo da serra, passando pelos enchidos, são várias as propostas que Fátima Pinto nos coloca em cima da mesa. Todas elas, claro está, regadas de um bom vinho do Dão (importa não esquecer que Viseu é também uma cidade vinhateira). E, para terminar, a nossa guia convida-nos a degustar uns viriatos (os bolos tradicionais da cidade) e umas rotundinhas (um pastel criado por uma confeitaria local e cujo nome é inspirado nas muitas rotundas existentes na cidade). Qualquer um deles soube a pouco. Mas fica a promessa: vamos voltar!
Já me sinto a viajar por Viseu….
Sem duvida Viseu uma cidade muito completa! Vontade de lá voltar.